Gostaria de compartilhar algumas percepções da minha prática clínica sobre a criação de crianças na atualidade.
Ouço muito os pais falarem que já não é possível criar filhos obedientes, que antigamente as crianças eram mais obedientes; ou que o Estatuto da Criança e do Adolescente tem tirado o poder dos pais e que alguns poucos tapas já não são mais permitidos. Também o trabalho, dignificador da atividade humana, só é permitido para adultos e as crianças não cabe mais nenhuma responsabilidade.
Mas a realidade, quando contada aos detalhes, tem me mostrado que o recurso de que os pais saudosos sentem falta é a violência, opressão e subjugação. Artifícios usados em uma sociedade patriarcal, machista e misógina. O pai já não é o proprietário da família e a mãe passou a ter voz, a criança não é mais uma propriedade da família, mas um ser em desenvolvimento que precisa viver seu processo para um crescimento saudável.
Novos tempos exigem novas formas de cuidado e a pergunta que fica é a seguinte: então como devo criar meus filhos?
Vejo trẽs formas possíveis, mas apenas uma delas é saudável. Num ambiente muito controlador a criança não aprenderá a tomar decisões tampouco terá autonomia; num ambiente muito livre ela não terá responsabilidades e não aprenderá o valor das coisas. Mas em um ambiente democrático se apropriará de valores e terá autonomia para manejar os problemas que surgirem.
Como faço isso?
Crianças precisam sim ter suas responsabilidades com a casa, não como antigamente onde tinham de trabalhar para conseguir dinheiro ou tarefas pesadas, mas com atividades adequadas às suas capacidades. Arrumar as camas e não apenas a sua mas também dos pais, cuidar da louça após as refeições, pendurar e recolher a roupa, alimentar e tratar dos animais são exemplos de tarefas que os menores devem ter na sua rotina. Desde que não representem perigo à saúde ou ao desenvolvimento das crianças.
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